19 fevereiro 2010

Um de cada vez

Nesta semana que passou, estivemos a reflectir sobre a nossa missão de Cristãos!

Na missão concreta de cada um de nós e do nosso Grupo que se integrada na realidade universal da Igreja.

Fica um dos textinhos que usámos para nos orientar:


"Precisamos de dilatar o coração segundo a dimensão do Coração de Jesus. É um grande trabalho! Mas é a única coisa a fazer. Se fizermos isto, está tudo feito.

Trata-se de amar cada pessoa que passa ao nosso lado como Deus a ama. E, como estamos no tempo, amemos o próximo um de cada vez, sem conservar no coração resíduos de afecto pelo irmão que encontrámos no minuto anterior. De facto, é sempre o mesmo Jesus que amamos em todos.

Tal como é suficiente uma hóstia santa, dos milhões de hóstias que há na Terra, para nos alimentarmos de Deus, da mesma forma basta um irmão – aquela pessoa que a vontade de Deus põe ao nosso lado – para nos pôr em comunhão com a Humanidade, que é Jesus místico.

E estarmos em comunhão com o irmão é o segundo mandamento, aquele que vem logo a seguir ao do amor a Deus e é expressão dele."

Chiara Lubic

Saibamos então dilatar o nosso coração ao Amor e com Amor! =)

15 fevereiro 2010

A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo


No último encontro estivemos a reflectir sobre a mensagem que o Papa Bento XVI nos deixou para esta Quaresma. Dividimo-nos em grupos de trabalho e chegámos a algumas conclusões que são importantes reter.


Justiça: “dare cuique suum”

O Santo Padre começa por dar-nos uma definição da palavra “justiça”. Segundo Ulpiano, jurista romana do século III, ser justo, impleca “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum”. Porém, aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais intimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado á sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o que lhe é devido.


De onde vem a injustiça?

O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos” (Mc 7,14-15.20-21). Muitas das ideologias modernas partem do presuposto que a injustiça vem “de fora” e que para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação. Mas Jesus diz-nos que a injustiça, fruto do mal, não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. O homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o leva a afirmar-se acima e contra os outros. Substituí-se á lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição, experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza. Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?


Justiça e Sedaqah

No coração da sabedoria de Israel encontramos um laço profundo entre fé em Deus e justiça em relação ao próximo. Em hebraico a palavra sedaqah (virtude da justiça) exprime-o bem. Significa, dum lado a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; do outro, equidade em relação ao próximo, de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e á viúva. Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Aescuta da Lei , pressupõe a fé no Deus que está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido. Para entrar na justiça é portanto necessário sair da ilusão de auto–suficiência, do estado profundo de fecho, que á a própria origem da injustiça. Por outras palavras, é necessário uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, não consegue realizar. Existe portanto para o homem esperança de justiça?


Cristo, justiça de Deus

A justiça de Cristo é antes de mais a justiça que vem da graça. A justiça divina, manifesta-se muito para além da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho um preço verdadeiramente exorbitante para nos dar a Salvação.

Compreende-se então como a fé não é um facto natural, cómodo, óbvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do “meu”, para me dar gratuitamente o “seu”. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitencia e da Eucaristia. Graças à acção de Cristo, nós podemos entrar na justiça “maior”, que é aquela do amor, a justiça de quem se sente em todo o caso sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar. Precisamente fortalecido por esta experiência, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor.


Que consigamos todos nós construir então um mundo mais justo. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autentica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça.

Desejamos a todos uma boa caminhada nesta quaresma!

(Podem consultar a mensagem integral de Sua Santidade o Papa em http://www.jornalw.org/index.php?cont_=ver2&id=888&tem=62&lang=pt)